Quem Somos Nós?

Quem Somos Nós?

Somos um grupo de estudantes organizados, tendo como nosso local de atuação e militância as universidades em que estudamos. Portanto, atuamos no movimento estudantil, mas não apenas nos restringimos a ele. É nesse sentido que compreendemos a urgência de nos posicionarmos solidários as lutas populares e de construirmos relações de aliança com as mobilizações do conjunto das classes e grupos oprimidos (trabalhadores, indígenas, sem-teto/terra, comunidade LGBT, mulheres, desempregados). Nos definimos enquanto agrupamento de tendencia, e possuímos princípios e práticas que diferenciam nossa proposta de outros coletivos/organizações estudantis. Não nos caracterizamos enquanto um agrupamento estritamente ideológico ou partidário, mas prezamos pela soma de todas as várias agrupações de base, que organizadas por princípios e práticas potencializam a atuação cotidiana que se define por uma postura militante e combativa.

Somos a vontade de construir um movimento estudantil classista, combativo e forte. Atuamos para a construção de um movimento estudantil organizado e com intensa participação de base, com ações que impliquem de forma direta o maior numero de estudantes em todas as discussões, deliberações e ações reivindicativas. Uma militância critica e responsável que denuncie e combata as opressões de gênero, raça, classe ou orientação sexual, mas que também denuncie e combata o projeto neoliberal que rifa cada vez mais a universidade pública.

Portanto afirmarmos que é dentro da luta que construiremos as bases para a socialização do conhecimento e para a construção de universidade popular e a serviço do povo.

  • O QUE É UMA ORGANIZAÇÃO DE TENDÊNCIAS?

Quando dizemos que uma organização é de tendência, isso não significa que ela “tende” para algo ou para uma ideologia específica. A tendência é uma organização que se propõe a estar e atuar no nível intermediário entre organizações políticas e organizações de massa (movimento popular), buscando estimular a mobilização onde ela já existe, ou criar novas forças de mobilização e ação onde elas não existem. Uma tendência agrupa pessoas com diferentes afinidades ideológicas, ou seja, não há a o requisito de que as pessoas se identifiquem com a mesma ideologia, mas sim que estejam de acordo com determinados princípios, metodologias e formas de ação.

  • NOSSOS PRINCÍPIOS DE ATUAÇÃO/ORGANIZAÇÃO:

COMPROMISSO COLETIVO E SOLIDARIEDADE

Entendemos que solidariedade pressupõe a construção das lutas lado a lado com o povo para que elas continuem a acontecer. Tendo em vista a que a luta popular é construída coletivamente. O compromisso coletivo é essencial para a auto-organização e a solidariedade para romper o isolamento e manter a horizontalidade. Buscamos reconhecer os privilégios (gênero/classe/étnico-racial) com o intuito de se posicionar de forma a não tomar protagonismo e manter a sinceridade na nossa luta. Os ataques e problemas na educação, não podem ser entendidos e combatidos de maneira isolada. Isso é porque o sistema capitalista é responsável por manter e reproduzir uma estrutura de desigualdades, opressões e explorações, assim compreendemos que isso não afeta apenas nós estudantes, mas ao conjunto das/dos exploradas/os. Portanto, trata-se então, de rodear de solidariedade e apoio irrestrito a todas as lutas das classes e setores explorados e oprimidos.

APOIO MÚTUO

A construção de um outro mundo possível passa pela noção de que a forma como construímos as relações no agora também é política. Isso implica na criação de novas formas de sociabilidade. Destruir a competição imposta pelo individualismo burguês, por exemplo, é um aspecto vital na organização do poder popular. A construção de relações de confiança e companheirismo perpassa as noções de auto-organização e propagação da horizontalidade. Desta forma, apoiar-se mutuamente, seja entre companheiras ou entre movimentos combativos e autônomos, é uma importante forma de solidificar nossa força coletiva, e romper o isolamento.

DEMOCRACIA DIRETA E DE BASE

Esse princípio materializa-se como a prática de tomar decisões de forma coletiva e direta, ou seja sem representantes, intermediários ou políticos profissionais. A democracia direta e de base é a antítese da democracia representativa: ao invés de eleger representantes para definir os rumos de nossas decisões e de nossas vidas, a democracia direta sugere que não existam representantes, e que sejam as bases populares responsáveis por definir suas escolhas através das assembleias: órgão máximo de decisão. As decisões ocorrem, portanto, de baixo pra cima, com deliberações do povo para o povo, e não de cima para baixo, com deliberações de pessoas que não representam as vontades populares e as impõe, como se dá hoje através das estruturas de poder da sociedade de classes e pela política do voto, altamente hierarquizada e burocratizada. Fomentamos, portanto, espaços de construção coletiva das decisões. Nos espaços estudantis, trata-se portanto, da expressão da base em que todas/os as/os estudantes organizadas/os e interessadas/os pelos assuntos e questões que lhes afete diretamente. A democracia direta são os estudantes em conjunto tomando decisões e construindo sua própria experiência politica.

HORIZONTALIDADE

A horizontalidade é a democratização radical das relações políticas, sociais e pessoais. Dessa forma, não há domínio dos de cima sobre os de baixo – procuramos destruir as relações de poder autoritárias, para construir relações em que nenhuma voz se sobreponha a outra, em que não exista quem governe e quem seja governado. É também um método de organização de base, onde não existe uma vanguarda que conduzirá o povo, pois está garantida uma estrutura sólida e descentralizada que não permite a centralização do poder nas mãos de poucos: todas decidem por todas.

AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA DE CLASSE

O princípio da autonomia se refere a nossa defesa intransigente da independência das classes oprimidas e exploradas perante qualquer organização ou autoridade que seja externa a sua própria organização de base. Independência em relação a qualquer partido político, organização, líder, governo, patrões ou reitoria. A isso propomos um projeto de poder popular, que emane do povo, e não seus líderes ou representantes institucionais. É a defesa da retomada das rédeas de nossas próprias vidas através do fortalecimento de cada indivíduo no interior da coletividade, expressando a necessidade e a garantia que todo espaço de base, assim como todos os instrumentos de luta e organizações dos setores/classes oprimidas possuam de maneira legitima fóruns e espaços de deliberação e discussão. A autonomia para que as decisões possam ser tomadas e cumpridas de maneira ampla e efetiva pela base. A independência politica e financeira para que não haja dependência, troca de favores ou o aparelhamento das entidades estudantis por nenhum partido politico ou grupo externo à própria estrutura de organização estudantil.

LUTA E AÇÃO DIRETA

A ação direta, método de luta nascido com a classe trabalhadora, é praticar a transformação com ações realizadas pelas próprias mãos, do coletivo, da comunidade, dos movimentos; desta forma, é necessariamente oposta às formas indiretas de ação, como por exemplo o voto. Ação direta é fazer greve, piquete, ocupação; é organizar uma manifestação de forma autônoma, fazer trabalho de base. Não é necessariamente violenta: envolve o questionamento de não se confundir a violência do opressor com a reação do oprimido e questionar o próprio significado de violência. É direcionada à raiz do problema para agir diretamente sobre o mesmo, compondo parte vital de um princípio de auto-organização. Se estabelecem novas ordens em relação ao que é vigente (destruição da propriedade, outras formas de organização escolar, sabotagem, bloqueio de avenidas), na contramão do aparelho burocrático do Estado.